
O grande instrumento de aprendizado para a criança é seu corpo. É ele que permite à criança vivenciar suas experiências e aprender com elas. É através dos órgãos dos sentidos que ela vai se apropriando deste mundo e a brincadeira tem inúmeras funções, entre elas: coordenação motora e equilíbrio através de movimentos variados que o brincar permitem, aquisição e desenvolvimento da linguagem, socialização, aprofundamento de vínculos. Através do brincar a criança expressa a sua vontade, compreende que necessita respeitar a vontade do outro, seus limites e experiência em vários papéis (herói, a mãe, o pai, o filhinho/a, o cachorrinho, princesa, bruxa), inaugurando a fase da vivência de suas próprias fantasias, tão importantes para a construção do adulto que será capaz de sonhar.
A melhor brincadeira é aquela que surge da própria criança. É a criança que indica aos adultos aquilo que necessita. O problema é que vivemos em uma sociedade de consumo que não respeita o tempo da criança e oferece uma série de brinquedos descartáveis, desnecessários, inúteis e muitas vezes até prejudiciais ao desenvolvimento sadio da mesma.
Nas primeiras semanas de vida a criança não tem necessidade de brinquedo algum, pois naturalmente entra em relação com o seu próprio corpo e brinca principalmente com sua mãozinha (por volta dos dois meses). É importante deixar que ela explore seu corpinho, pois aos poucos vai exercitando a coordenação do seu olhar com as partes do seu corpo e vai se “descobrindo”. O olhar, o toque suave e as brincadeiras dos pais são de fundamental importância para a construção da confiança na criança. A voz dos pais pode ser um elemento muito divertido para os bebês. Quem já não presenciou um bebê as gargalhadas enquanto um dos pais muda a entonação da voz ou brinca de esconder seu rosto atrás de um paninho?
É importante que os pais estejam disponíveis em alguns momentos para entrar na brincadeira da criança, cientes de que não devem conduzir a mesma. O adulto deve permitir que a própria criança descobrisse sua forma de condução, e possa agir com espontaneidade exercendo a criatividade e explorando as várias formas de prazer. Ela pode sugerir que um dos pais seja o filhinho naquele dia, ou que ela seja o professor e os pais os alunos, etc. É bom lembrar que a criança através da brincadeira está exercitando a todo o momento seu dom de criar, sua capacidade de fantasiar e resolver seus conflitos, por isso, os pais devem estar muito atentos para não reduzir o tempo do brincar em troca de atividades extracurriculares que sobrecarregam a criança e a deixam cansada e sem vitalidade para aprender aquilo que realmente é importante para sua vida.
Por: Por Patricia Cuocolo (Psicóloga (PUC-SP)
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